segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

GNOMO JACINTO


Em algum ponto da floresta,
o pequeno gnomo Jacinto chorava enquanto
conversava com o sábio Gnomo-mestre...
- Quando lembro de tudo o que já me aconteceu
sinto o chão me faltar.
Fico tonto, sabe?
Por que será que sofro tanto?
Será que, por algum motivo,
a Fada da Sorte escolheu caminhos
distantes dos meus?
Será que todos os contratempos a mim
destinados resolveram acontecer de
uma só vez?
Mestre, já não suporto viver assim...
O Gnomo-mestre, que reunia folhas numa
pequena cabaça, olhou para o aprendiz
e disse:
- Meu pequeno Jacinto, percebes
o que acontece com as lágrimas
que derramas?
- Como assim Senhor, eu não compreendo
o que dizes.
Apontando para algumas áreas da mata,
o velho e experiente gnomo respondeu:
- Olha com atenção.
Por todo o caminho espalham-se flores
justamente nos lugares onde tens vertido
teu pranto.
Tuas lágrimas mágicas tem feito brotar
lírios, papoulas e perfumadas alfazemas
nos lugares onde caem.
Jacinto olhou ao redor e falou demonstrando
admiração e um certo aborrecimento:
- Mas então... quer dizer que o meu destino
é sofrer para fazer a floresta se encher de cor
e perfume?
É preciso que meu coração morra
aos poucos para a Natureza
se encher de vida?
Isso não é justo!
Com toda a tranquilidade, o Gnomo-mestre
respondeu:
- Os olhos vêem o que querem ver.
O coraão sente o que quer sentir.
Então é essa a interpretação que fazes?
Se o teu sofrer, meu pequeno, faz brotarem
as flores mais belas, o que poderia então
surgir do teu sorriso luminoso?
Se transformas o verde da floresta num tapete
multicolorido quando choras, o que poderia acontecer
no momento em que espalhasses a alegria?
Não será esse o momento de mudar a semente
que espalhas?
Percebes o poder que tens nas mãos?
A dor cumpre o seu papel e tem sua razão de ser.
Sim, deve ser vista.
Mas os olhos não podem se fixar nela
por muito tempo, senão perdem a chance de ver
o crescimento que ela própria fez acontecer.
As orelhas do gnomo Jacinto se movimentavam
enquanto recebiam as preciosas orientações
do sábio, como se não quisessem deixar escapar
uma única palavra.
Seus olhos, agora mais atentos, notaram que
uma luz começava a brilhar em seu peito.
Teve vontade de sorrir mas estava difícil,
uma vez que sua boca tinha perdido
esse hábito.
Portanto fez um esforço e logo, logo,
seus dentes estavam à mostra.
Foi aí que algo incrível aconteceu:
quanto mais ele ria mais crescia.
Crescia e crescia.
Quem jamais poderia imaginar que Jacinto
era um gigante?
Aquele pequeno gnomo era agora um gigante
grandalhão e sorridente.
Ele continuou rindo e sua risada ecoava
nas montanhas e se transformava em música;
música mágica que curava os passarinhos
feridos e as plantinhas doentes.
De uma hora para outra a floresta era
só brilho e festa.
Jacinto procurou o Gnomo-mestre
para agradecer,
mas não conseguia mais enxergá-lo.
E foi então que, fechando os olhos,
ouviu uma voz que dizia:
- Há e sempre haverá uma forma mais doce
de viver.
O sofrimento, no momento em que é percebido
como sofrimento, já está no ponto derradeiro
da sua função e precisa ser substituído por
uma outra semente.
Agradeça as lágrimas do passado
e diga-lhes adeus.
O momento agora é de focalizar os sorrisos
do futuro.
Há e sempre haverá uma forma mais
doce de viver.

(Autor desconhecido)

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